No dia mundial da poesia, selecionamos alguns dados interessantes da Retratos da Leitura no Brasil, o maior levantamento sobre o comportamento leitor no país. A última edição da pesquisa foi realizada pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Itaú Cultural e publicada no ano de 2020.
O que diz a Retratos sobre o gênero poesia?
A poesia passou ser um gênero dominante em redes como Facebook e Instagram: 27% dos respondentes a leem nesses ambientes) e 26% através do WhatsApp, mais do que o dobro do que em jornais ou revistas (12%).
Durante o Ciclo de Debates sobre os desdobramentos da pesquisa, realizado no canal no YouTube do Itaú Cultural, o professor Fábio Malini, da Universidade Federal do Espírito Santo, levantou algumas hipóteses sobre o crescimento do gênero nas redes sociais: a brevidade característica do gênero favorece o seu compartilhamento, muitas poesias permitem aos leitores que as compartilham expressar empatia e outros sentimentos compartilhado pelas pessoas.
Além disso, Malini também chamou atenção para o fato de que esse comportamento da sociedade, de consumir mais poesia nas redes, gerou um espaço para o nascimento de poetas multimodais, que utilizam texto e imagens (fotos, ilustrações e vídeos) para expressar suas perspectivas.
No mesmo encontro, Dolores Prates, editora da Revista Emília, ao analisar os dados da Retratos, comentou que a mediação digital da experiência literária também se desdobra no agenciamentos e difusão de novos autores e novas práticas. Ela destaca o trabalho do poeta Messé Andarilho, autor que escreve seus livros no celular, nos momentos em que se encontra no transporte público.
Além disso, essa mesma mediação digital também é responsável por outro fenômeno literário crescente: a formação de enormes comunidades que seguem autores, séries e personagens em eventos multitudinários – a exemplo do fenômeno de séries literárias como Harry Potter ou encontros de leitores de HQ.
Tais expansões da experiência da literatura, tão típicas da formação de comunidades digitais, ampliam-se sobretudo tendo em vista novos conteúdos. Diversidade, rompimento do cânone e produção periférica, argumenta Prades, seriam as melhores palavras para descrever esse panorama, onde conteúdo e forma se potencializam e resultam em produtos culturais distintos aos do mercado tradicional. Em paralelo, verifica-se também um novo fenômeno que é a “narrativização do social”, fruto da intensa conexão em torno de ideias entre o público digital e a utilização das redes sociais, em que a própria experiência cotidiana é em algum grau narrativizada através de imagens que circulam numa linha do tempo.
Para assistir ao vídeo completo, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=WVUlqgQUmvA
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