Entrevista – Patrícia Diaz

Foto: Patrícia Diaz durante o evento formativo realizado com os finalistas do Prêmio IPL Retratos da Leitura

 

Qual foi o objetivo geral de realizar este encontro com os finalistas? Qual a ideia inicial?

Esse encontro é um desejo antigo, desde a edição anterior, quando o comitê de avaliação se reunia sempre pensava que seria ótimo poder promover um encontro com os finalistas tanto para promover trocas entre eles – já que um projeto sempre é complementar ao outro – quanto para que pudéssemos ajudar em melhores formas de organização dos projetos propostos pelas instituições concorrentes. São ótimos projetos, mas muitas vezes precisam de ajuda para melhorar a forma de expor suas propostas e metodologias; de avaliar e comunicar seus resultados; de captar recursos; de tornar seu projeto mais sustentável…

 

 

Como foram definidos os temas? Quais foram os critérios utilizados?

Os temas foram definidos tanto a partir das colocações do comitê de avaliação, sobre onde localizavam as dificuldades dos inscritos, quanto por nós, da equipe técnica que planejou e executou a intervenção com o grupo, privilegiando temas que pudessem fortalecer a qualidade dos projetos.

Por exemplo, indicamos o tema: Concepções de livro, literatura, formação de leitores, pois por mais que o prêmio seja sobre “leitura” e os participantes descrevam seus projetos como formadores de leitores… ainda encontramos algumas contradições, como, por exemplo, uma distância das atividades que são propostas com os livros ou com atos de leitura, ficando apenas com “contação de histórias”, “dramatizações”… mas sem a menção ao livro e, menos ainda, o mergulho necessário às obras que se faz necessário na formação de leitores.

 

O evento com os finalistas incentivou a discussão de quatro grandes temas: concepção de livro, literatura e formação de leitores; monitoramento e avaliação de resultados; sustentabilidade; envolvimento da comunidade/público. De que forma a reflexão sobre esses grandes temas contribui para o sucesso de um projeto de leitura? Destaque dois ou três aspectos.

 

As reflexões foram bem ricas, por exemplo, no tema “monitoramento”, discutiu-se muito sobre a dificuldade de definir indicadores de avaliação para os projetos. Geralmente as instituições contabilizam quantas ações realizam, quantas pessoas frequentaram… mas na discussão, provocamos os finalistas a pensarem como podem qualificar melhor seus resultados relacionando-os aos objetivos do projeto; e também como podem envolver os participantes nessa avaliação, como fazer uma escuta ativa dos participantes para que seja realmente possível monitorar as ações e ajustá-las se necessário e também para que os resultados revelem melhor as aprendizagens realizadas.

Essa questão do envolvimento da comunidade local nas ações também foi outro tema explorado e discutido. E, nesse tema, avaliamos que pudemos contribuir para que os finalistas repensassem suas ações para que possam aproximar-se melhor das reais necessidades e características dos seus públicos. Foi discutido como se pode mapear melhor o público, entender as diferentes “categorias” dos mesmos e, então, que ações podem ser feitas para que possam se expressar e, assim, ajudar os propositores a serem mais assertivos para a conquista e permanência do público nas ações.

Quais foram as grandes descobertas que os finalistas fizeram com relação aos seus próprios projetos?

Acredito que uma grande descoberta para muitos foi a possibilidade de diversificar e ampliar o que já fazem… ouvimos muitas falas como: “Ah, eu faço diferente, nunca tinha pensado em fazer desse outro jeito, vou tentar…”. Em princípio, por serem finalistas do prêmio, achavam que seus projetos estavam muito bem elaborados… aos poucos, nas discussões, foram se abrindo para expor seus próprios desafios e pensar outras formas de enfrentá-los a partir da fala dos colegas.

 

Teve algum tema ou assunto que surgiu como maior dificuldade em todas (ou na maioria) as categorias?

A sustentabilidade do projeto no que diz respeito a recursos foi um tema geral em todas as categorias. Muito se falou sobre a dificuldade de manter as atividades apenas com o apoio de voluntários ou sobre o quão difícil é inscrever-se em determinados editais que são complexos e/ou exigem requisitos difícil de atenderem.