Biblioteca Parque Villa-Lobos é um exemplo de projeto integrado, em que as instalações, a concepção pedagógica e as atividades oferecidas tornam seu espaço um verdadeiro oásis cultural Por Leonardo de Sá Ao longo da história, as bibliotecas sobreviveram graças à sua capacidade de se renovar e se transformar. Neste sentido, não são mais somente um espaço de empréstimo de livros, mas cada vez mais dão vazão a uma atuação voltada para a promoção de atividades culturais, tornando-se inegáveis espaços de fruição e circulação de pensamento. A Biblioteca do Parque Villa-Lobos é um belo exemplo de biblioteca contemporânea neste sentido: instalada em uma área de 4.000 m² dentro do espaço do parque, ela segue o conceito de Biblioteca Viva: uma verdadeira praça cultural, cujas vocações preveem a construção autônoma do conhecimento, a livre manifestação para expressão de diversidade e a compreensão de seu espaço como refúgio, local de fruição e lazer para seus visitantes. “O conceito de biblioteca viva é levado a sério e é evidente para o público”, comenta Patrícia Diaz, membro da comissão avaliadora do Prêmio IPL. A biblioteca tem como público-alvo a comunidade ao redor, e busca construir, não para ela, mas com ela, uma experiência estimulante de biblioteca pública. Para tal, o foco do trabalho por lá desenvolvido são as pessoas. Toda a equipe da biblioteca assume para si o papel mediador como essência do trabalho, isto é, os funcionários são responsáveis por acompanhar e facilitar o contato entre o público e as instalações, tendo em vista que os afetos decorrentes deste encontro são os principais motores da vida de uma instituição cultural. O seu acervo é atualizado semanalmente, e a BVL conta ainda com suportes diversos para a promoção da leitura, além de equipamentos assistivos para inclusão de pessoas com deficiência. Ao longo do ano, a Biblioteca do Parque Villa Lobos também lança mão de uma ampla e diversificada programação de atividades culturais, atingindo a marca de cerca de 900 eventos nos doze meses em que opera. Todo este trabalho é fruto da consciência de que as bibliotecas públicas são os equipamentos culturais públicos com maior potencial agregador, seja pelo caráter intrínseco a sua missão – fazer circular os exemplares de um livro – seja porque, no âmbito de sua principal tarefa, circulam também muitas pessoas pelo seu território. Neste sentido, compreende-se que atentar para sua relevância é trabalhar em prol de sua transformação frente às novas demandas que a sociedade constrói a medida em que mudam os aparatos tecnológicos e as ferramentas através das quais promovemos nossa comunicação e nossos encontros. O seu projeto, desenvolvido como proposta de ocupação de um prédio já existente, é fruto das experiências da Biblioteca São Paulo e do Sistema Estadual de Bibliotecas, e foi apadrinhado pela Secretaria do Meio Ambiente e pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. Hoje ela conta com expressivo público mensal de cerca de 10 mil pessoas, e recebe, mensalmente, cerca de 27.300 visitas. A circulação de seu acervo alcançou, em 2017, a marca de mais de 176 mil itens.