Para mobilizar a leitura na comunidade de Cidade Olímpica, os idealizadores da Residência 05, espaço cultural do bairro, usam uma bicicleta para circular com exemplares e alcançar seus moradores. Por Leonardo de Sá Na Cidade Olímpica, bairro de São Luís surgido na década de noventa a partir de importantes mobilizações sociais em luta por moradia, bicicletas atravessam as ruas com caixotes cheios de livros para serem lidos e emprestados aos moradores da região. Trata-se do projeto “Bibliocicleta: Posso Fazer uma Leitura?”, da Biblioteca Comunitária da Residência 05. A ideia de levar os livros até as pessoas, circulando-os sobre duas rodas, surgiu da constatação de que era preciso oferecer o estímulo necessário para que os moradores da Cidade Olímpica pudessem se empoderar de suas próprias narrativas: a literatura, germe da criatividade e da imaginação, seria o pontapé ideal para que estes finalmente se tornassem autores de suas vidas. Mas como estimular o contato com a literatura se os livros – objetos através dos quais ela se manifesta – se encontravam distantes da realidade do bairro? Foi então que a Residência 05, espaço criativo de elaboração de atividades culturais, também localizado na Cidade Olímpica, tornou-se palco da iniciativa que seria responsável por possibilitar que crianças, jovens e adultos interagissem com o universo literário. Desde então, mesmo sem nenhum apoio financeiro advindo de editais públicos ou qualquer tipo de financiamento da iniciativa privada, os articuladores do espaço passaram a sair às ruas munidos de suas bicicletas, caixotes de feiras e os livros disponíveis no acervo da biblioteca do espaço. De lá pra cá, dois anos e meio se passaram e os idealizadores da “Bibliocicleta” relatam a perceptível mudança na comunidade: antes retraída, agora encontram diálogo, recepção e engajamento pelos lugares por onde passam, uma disposição para o convívio e para a comunicação que é consequência certeira da circulação literária que percorre as ruas da Cidade de Olímpica graças a iniciativa. “Projeto que apresenta clareza dos objetivos e conceitos, reconhecendo sua atuação política em relação ao acesso à leitura e uma intenção literária clara de diversidade de acesso”, comenta Sandra Medrano, membro da comissão avaliadora do Prêmio IPL.