Projeto lança mão da obra literária homônima, de autoria da escritora Janine Rodrigues, para difundir e valorizar importantes aspectos da cultura afro-brasileira, além de incentivar o hábito da leitura e a prática da escrita entre o seu público-alvo Por Leonardo Sá Livros são objetos em que a forma e o conteúdo muitas vezes são indissociáveis. Mas preocupar-se somente com a distribuição sem uma reflexão crítica sobre quais conteúdos precisam ser mais disseminados pode impedir que muitas culturas ganhem notoriedade. E foi justamente com o intuito de superar a defasagem sofrida no acesso e disseminação de conteúdos que versem sobre a história e a cultura da África, que foi implementada a Lei nª 10.639/03. Esta, por sua vez, prevê e garante a presença da história e da cultura afro-brasileira e africana nas redes públicas de ensino em todo o país. Com sua entrada em vigor, torna-se necessária a ampla elaboração e difusão de materiais literários que dialoguem com o universo das culturas de matrizes africanas, tão presentes na formação da identidade cultural do Brasil. É nesta esteira que o projeto “Jornada Literária Nuang – Caminhos Da Liberdade” se insere. Idealizado pela Editora Piraporiando, do Rio de Janeiro, o projeto lança mão da obra literária homônima, de autoria da escritora Janine Rodrigues, para difundir e valorizar importantes aspectos da cultura afro-brasileira, além de incentivar o hábito da leitura e a prática da escrita entre o seu público-alvo. Apesar do pontapé inicial dado pela lei, faltam não só materiais didáticos mas também espaços de formação para educadores e educandos, que sejam capazes de refletir os modos e as narrativas que podem acompanhar a inserção das culturas e histórias de matriz afro-brasileira no ambiente escolar. A “Jornada Literária Nuang” teve como principal objetivo difundir estes saberes através de oficinas direcionadas a este público, com a presença da autora Janine Rodrigues, cujo trabalho não se restringe à literatura mas estende-se à pedagogia. “Considero este projeto com uma relevância diferente”, comenta a avaliadora do Prêmio IPL Pamela Dietrich, “por juntar incentivo à leitura com disseminação de conhecimento da cultura afro-brasileira”. De fato, ambos os aspectos estiveram contemplados pelas oficinas oferecidas ao longo de sua execução: oficinas formativas para educadores em que a Lei 10.639 era abordada, oficinas de valorização da cultura afro-brasileira, atividades de contação de histórias, atividades de escrita criativa e desenho para ilustração. Em sua implementação, o projeto circulou pela rede Sesc, Senac Votuporanga, FLIV 2018, por escolas da rede pública de ensino, SESI, Itaú Cultural dentre outros, alcançando mais de 3 mil crianças.