Bel Santos Mayer, do grupo gestor da Rede LiteraSampa e da biblioteca Caminhos da Leitura, apresentou alguns projetos em que os desafios da formação leitora estão sendo enfrentados, com muitos resultados positivos alcançados Durante o evento de lançamento do guia Itinerários de Leitura, Bel Santos Mayer, do grupo gestor da Rede LiteraSampa e da biblioteca Caminhos da Leitura, palestrou a respeito de quem são os responsáveis pela formação dos leitores. Dirigido aos professores, o objetivo do Itinerários de Leitura é mostrar de maneira prática, como a leitura no ambiente escolar pode e deve ser transformadora do conhecimento desde a infância. Para baixar o PDF do guia, clique aqui. Bel iniciou sua fala com uma reflexão a respeito da própria pergunta que foi proposta a ela como tema. “A pergunta no plural já diz que tem mais de um, que leitores se formam, são pessoas em formação constante e diz que alguém precisa dar uma resposta para essa formação”, afirma. Ela falou também sobre o artigo 227 da Constituição que dá a base legal para o ECA, considerando que os primeiros responsáveis pela formação leitora são o Estado e a família. “No mínimo a família, a sociedade e o Estado têm essa obrigação de cuidar e proteger nossas crianças da violência”, diz. “E nós acreditamos que a leitura é capaz de fazer isso, ela permite encontrar palavras para nominar quem somos e quem são os outros. Quando garantimos que a literatura chega para quem não tem o que comer, colaboramos para a construção da dignidade e do respeito”. Ela fez questão de deixar bem claro o seu lugar de fala, que é o lugar das bibliotecas comunitárias, de onde ela já fala há mais de 22 anos e comentou brevemente sobre o poder de transformação que uma biblioteca possui em um território. “As bibliotecas podem ser um espaço de gestão para os jovens, onde ele pode decidir o itinerário leitor e pensar sua comunidade a partir da leitura”, diz. Para ilustrar sua fala, ela contou as experiências da Caminhos da Leitura, localizada no extremo sul da cidade de São Paulo, onde já trabalha há tempos. Conheça algumas delas: Pertencimento à uma comunidade leitora e à uma família literária – Ao fazer parte de uma comunidade leitora, os leitores entram em um processo de formação e de transformação permanente e, assim, vão criando seus critérios para a escolha dos livros. Com o tempo, passam a conhecer as editoras, os autores e conseguem fazer boas escolhas ao comprar livros. De acordo com Bel, essas etapas fazem parte do processo responsável da formação leitora. Levar a literatura desde o berço – Ela contou que os jovens da Caminhos da Leitura vão às creches para ler para as crianças, colam poesias nas portas das pessoas do bairro e angariar voluntários que possam ler para as crianças na comunidade. Todas essas ações representam formas de as pessoas acessarem as palavras e irem atrás delas. Ter livros em todos os lugares – Bel defende que é necessário haver bibliotecas e livrarias no meio do caminho das pessoas, para que os livros cheguem onde as pessoas estão. Destacou também a importância das feiras e dos festivais literários, dos saraus e dos slams, que estão cada vez mais fortes, principalmente nas regiões periféricas das cidades. Promover encontros com os livros, com as histórias e com os autores – Assim é possível aproximar leitores e autores por meio de temáticas. Bel contou que os jovens da Caminhos da Leitura recentemente lera Vidas secas e Quarto de despejo para ver o jeito como os escritores abordam a questão da fome. E que a experiência fez os adolescentes descobrirem outro jeito de olhar para aquelas obras. Ler junto com as crianças pequenas e promover compartilhamentos em rodas de leitura – Bel defendeu a necessidade de existir sempre pessoas que possam ler para as crianças, dar o exemplo e contribuir para a formação leitora delas. E que isso não pode se perder conforme elas crescem, já que o processo de formação leitora é permanente.