Em entrevista para a Plataforma Pró-Livro, a autora de livros infantis e infantojuvenis falou sobre captação de recursos e sobre importância dos apoios financeiros para os projetos de leitura que organiza Como ela mesma se define, Cléo Busatto é uma artista da palavra. Gosta de gatos, de viajar e brincar com as palavras. Como escritora publicou seu primeiro livro Dorminhoco, em 2001, e não parou mais. Autora de mais de 20 obras, entre literatura para crianças e jovens, teóricos sobre oralidade e CD-ROMs, que venderam em torno de 190 mil exemplares. Eles fazem parte de programas de leitura e catálogos internacionais, como o da Feira do Livro Infantil de Bolonha – Itália. Seu livro A fofa do terceiro andar foi finalista ao Prêmio Jabuti 2016, na categoria juvenil. Nos últimos cinco anos, mais de 50 mil pessoas participaram de suas oficinas e palestras, sobre oralidade, leitura e literatura. Cléo realizou mais de 200 ações educativas e culturais em Secretarias de Educação, Cultura, unidades do SESC em vários estados, e outras instituições públicas e privadas, de aproximadamente 150 municípios do Brasil e do exterior. Dentre os diversos projetos de Cléo, destaca-se o De Caso com a Palavra, de mediação de leitura. A iniciativa já alcançou mais de 3 mil pessoas em 150 municípios. A segunda edição, 2016/2018 foi selecionada no programa Profice e teve o apoio da Copel e Secretaria de Cultura do Estado do Paraná. O evento favoreceu cerca de 5,5 mil pessoas, sendo que 434 profissionais participaram das 19 oficinas; 80 municípios estiveram presentes e seus representantes desenvolveram e aplicaram 25 projetos nos seus locais de trabalho. Foi realizado 1 fórum na cidade de Paranavaí e 72 pessoas de 4 municípios participaram dele. Em entrevista para a Plataforma Pró-Livro ela falou sobre captação de recursos e da importância dos apoios financeiros para os projetos de leitura. Veja o que ela disse: De que forma os apoiadores contribuem para a sustentabilidade e a expansão da iniciativa? Patrocínios e apoios são fundamentais para a realização de um projeto cultural. Iniciativas como o De Caso com a Palavra não se viabiliza sem esta parceria. É um projeto caro porque a sua logística envolve viagens, traslados , hotéis e alimentação, para um grupo de profissionais. Como o projeto conseguiu o apoio ou o patrocínio que recebe? Nós os inscrevemos nas leis de incentivo à cultura e aguardamos sua aprovação. Em seguida buscamos os recursos financeiros. As duas edições do projeto foram realizadas com o incentivo destas leis de renúncia fiscal. Na primeira, com a lei Rouanet e na segunda, com o Profice, lei estadual do Paraná. As duas edições contaram com os recursos da Copel (Companhia Paranaense de Energia), nossa parceria em iniciativas culturais. Pode compartilhar essa experiência sobre como preparar o projeto para captação de recursos? Claro. Existem vários caminhos. Muitos patrocinadores só apoiam projetos aprovados na Rouanet, por exemplo. Para isso, deve-se entrar no site do Minc e ler os documentos disponíveis, para entender como a lei funciona e como se faz esta inscrição. Existe um prazo para análise e aprovação. Uma vez que o projeto seja aprovado na Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), órgão que analisa e aprova os projetos, deve-se partir para a segunda fase, a captação de recursos financeiros. Algumas empresas abrem as inscrições numa determinada época do ano, outras as mantêm abertas o ano todo. Uma segunda via são as leis estaduais e municipais. Cada estado e município tem a sua, com normativas próprias. Também existem os apoios feitos diretamente pelas empresas, sem intermediação das leis. Porém, o primeiro passo é sempre definir seu projeto. Ele deve estar claro para o proponente. A síntese deve dizer o que é e para que veio. Os objetivos e propostas para sua execução devem estar definidas, como prazos, etapas de realização, e valores para que ele aconteça. Estes itens são listados nos editais, de forma que o proponente só deverá seguir o roteiro. Quais orientações você daria para organizadores de projetos de leitura que queiram começar a captar recursos ou buscar patrocínios? Inicialmente ter uma boa ideia e traçar o caminho que ela deve seguir para virar um projeto patrocinável, que se diferencie dos demais. É importante ser persistente, resistir às primeiras dificuldades e lidar com os primeiros “nãos”. A gente sempre encontra muitas e muitos, mesmo sendo experiente. Manter pesquisas na internet para saber quem está com editais abertos, ler com atenção, porque uma interpretação errada pode inviabilizar a aprovação do projeto. Começar com pequenas ações até sentir-se seguro para ações mais complexas. O patrocinador quer ter certeza que a gente dá conta de realizar. Acredito que é melhor fazer um projeto menor e cumprir com todas as suas etapas, inclusive e principalmente, com a prestação de contas, para depois ir ampliando a área de atuação do mesmo. No mais, seguindo sempre, olhos no horizonte e cabeça aberta para mudar de rumo no meio da caminhada, se for preciso.