Biblioteca de Sergipe passou de 0 para quase 8 000 visitantes por ano graças ao trabalhos de diversos voluntários. A diretora da instituição, Cláudia Stocker, dá orientações preciosas para quem acredita no poder transformador da leitura mas possui dificuldades em encontrar parceiros para projetos do universo do livro A bibliotecária Cláudia Stocker está há 11 anos na direção da Biblioteca Pública Infantil de Sergipe. Quando ela chegou na instituição, o espaço era pouco frequentado. No entanto, diversas ações tornaram possíveis a transformação da biblioteca em um local dinâmico e vivo, como deve ser. “Tiramos a biblioteca da ociosidade através da divulgação dos serviços oferecidos e da realização de contações de histórias (nosso carro chefe). A primeira atividade cultural que realizamos em 2007 foi uma Contação de Histórias com o Grupo Prosarte, que faz trabalho voluntário em Sergipe”, conta. Em entrevista, Claudia conta que essa mudança só foi possível por conta do trabalho de pessoas que, muitas vezes, deram suas contribuições de forma voluntária. “Tive o privilégio de conhecer pessoas maravilhosas de diversas áreas do conhecimento que acompanham nossas atividades, apoiam e acreditam no poder transformador da leitura junto ao público infantil”. Acompanhe o que ela falou sobre voluntariado e projetos de leitura: A busca por voluntários é uma dificuldade enfrentada por vocês? Por que? Nunca tivemos dificuldade em contar com o apoio de voluntários pois a biblioteca tem realizado um trabalho muito positivo perante à sociedade, somos referência no estado de Sergipe e este reconhecimento nos faz ter credibilidade perante aqueles que nos procuram oferecendo voluntariado, parcerias ou aqueles que recebem um convite nosso. Sempre digo que a biblioteca é uma vitrine para aqueles que querem divulgar seu trabalho (contação de histórias, oficinas, exposição, lançamento de livros) ou mesmo aprender e se aprimorar, pois a biblioteca é também um laboratório para o aprendizado. Caso a dificuldade já tenha sido superada, poderia explicar como? Como falei anteriormente, tivemos a sorte de poder contar com pessoas comprometidas com a literatura aqui em Sergipe, com o apoio da Secult-SE, que sempre viabilizou a divulgação das nossas ações junto às mídias, e assim, conseguimos mudar a realidade da biblioteca infantil, que passou de uma frequência mensal praticamente nula para uma frequência anual de 1.640 pessoas em 2007 e 7.500 em 2017. Atualmente, com as redes sociais, a biblioteca passou a ser cada vez mais conhecida e procurada pela comunidade. Como é feita a escolha dos voluntários do projeto? Nosso critério de escolha é o conhecimento do fazer para o qual a pessoa se propõe. Geralmente conhecemos o trabalho através das redes sociais, por indicação de alguém ou até mesmo ao presenciar a atuação em algum evento que realizamos. Nas oficinas do nosso Projeto Aprender e Capacitar já saíram voluntários que hoje contam histórias, ministram oficinas, lançam livros, entre outras atividades. Temos ex-estagiários que participam de nossas ações. Alguns se oferecem e outros, nós convidamos. Marcamos uma data para planejar o que iremos fazer, qual público iremos atingir, qual o melhor momento, e desta forma, vamos incluindo mensalmente ações diferentes a depender do que iremos abordar. Como biblioteca pública, procuramos estar de portas abertas e dar oportunidade até para aqueles que não tem experiência, mas, que de alguma forma, se identificam com o nosso trabalho e podem contribuir com o seu conhecimento. Como é feita a formação dos voluntários? Alguns já têm formação em determinadas áreas. Outros adquirem experiência nas oficinas e em cursos que a biblioteca oferece ou se capacitam em outros lugares. Qual é a importância dos voluntários para o seu projeto e quais funções eles desempenham? Todos os nossos projetos são voltados para o livro, para a leitura e a formação de leitores. Nosso objetivo é incluir pequenos cidadãos no mundo da leitura. Como somos uma instituição pública e não possuímos dotação orçamentária própria para realizá-los, poder contar com pessoas que nos apoiam de forma voluntária é muito importante. Tudo que realizamos na biblioteca é gratuito, e se fazemos em prol da comunidade, sem visar lucro, é certo que aqueles que estão conosco voluntariamente, sentem-se felizes por partilhar do seu tempo, do seu conhecimento por um bem comum, ainda mais que o nosso principal fazer é em prol do público infantil. Nossos voluntários contam histórias, ministram oficinas e cursos, ajudam na organização de grandes eventos, como o Encontro de Contadores de Histórias de Sergipe que realizamos anualmente no mês de março. Eles também realizam monitorias em eventos, ajudam na decoração e na confecção de materiais para a biblioteca. No final do ano realizamos uma festa de encerramento na qual aproveitamos para agradecer e homenagear aqueles parceiros do corrente ano por meio de um Diploma de Parceiro Destaque. Essa é uma forma de reconhecimento aos nossos voluntários. Quais orientações você daria para organizadores de projetos de leitura que queiram começar a recrutar voluntários? Primeiramente conhecer a comunidade na qual está inserido para poder identificar possíveis parceiros e voluntários, isso poderá ser feito através de uma pesquisa de campo, aplicação de questionário. Ter um bom relacionamento com as pessoas. Mostrar a importância do seu projeto de leitura para a comunidade. Não ter vergonha de pedir. Nunca deixar de registrar e divulgar o seu projeto junto à comunidade e reconhecer sempre, o esforço de cada uma dessas pessoas que voluntariamente, se disponibilizam a doar-se em prol da leitura.