Por Zoara Failla, do Instituto Pró-Livro Devemos aos bibliotecários a preservação e a possibilidade de acesso a todo o conhecimento produzido pela humanidade. Durante séculos o bibliotecário foi o guardião da história e dos pensamentos escritos. Mas, desde Alexandria ele já assumia um outro papel fundamental, além de organizar as obras, era um “tutor” na indicação de leituras aos príncipes reais. Nas últimas décadas, com a sociedade da informação e a tecnologia digital, novos desafios lhe foram impostos. Houve profundas transformações na gestão e no acesso às informações e acervos, obrigando os bibliotecários a buscar novos conhecimentos e habilidades para a gestão desses acervos, das informações e dos serviços prestados pela biblioteca. Mas, não foram somente esses os desafios para os esses profissionais: a tecnologia digital trouxe também os livros e os leitores digitais. Se, por um lado, ela viabilizou as redes, ampliando o acesso e integrando acervos, por outro, reduziu a frequência aos equipamentos físicos, limitando o contato entre leitores e bibliotecários. Desafios da profissão Se retomarmos o papel de “tutor” do bibliotecário de Alexandria, verificamos que, estamos frente a um novo desafio: como ser um “tutor” – aquele que auxilia na pesquisa e na escolha do livro – à distância, tendo a ferramenta digital como meio e suporte? O bibliotecário deve dominar outras habilidades e competências para assumir esse papel? Alguns entendem que não, pois devem acolher os leitores no espaço físico da biblioteca. Mas, sem dúvida, não podemos ignorar as transformações que as novas tecnologias estão impondo em todas as áreas do conhecimento e do acesso à informação e comunicação. Penso que a biblioteca não pode deixar de ser um polo dinamizador da cultura, do acesso ao conhecimento, à informação e à literatura, mesmo que para isso deva usar as novas tecnologias de comunicação e de informação para “chegar” até seu usuário ou seu leitor. Dados sobre as bibliotecas A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil revela que somente 5% da população com mais de 5 anos, frequenta sempre as bibliotecas; e, 64% deles, para estudos. 71% percebe a biblioteca como um local para estudantes ou para estudar. Esse é outro importante desafio. Conseguir mudar a percepção e o interesse pelas bibliotecas. Alguns defendem que os bibliotecários devam assumir, também, o papel de agente cultural, como estratégia para atrair a comunidade para a biblioteca e para as atividades que são promovidas. Outros temem esse novo papel e os limites para não transformar a biblioteca em “parques de diversão” e o bibliotecário em um “animador”. Enfim, neste mês em que comemoramos o dia do bibliotecário, além da homenagem pela inquestionável contribuição para a humanidade, enquanto guardião de todo o conhecimento que produzimos durante séculos, devemos homenagear, em especial, aqueles que estão conseguindo superar todos os novos desafios, trazendo inovações, mas, também, promovendo ações exitosas na conquista de leitores. Parabéns especial, aos bibliotecários que estão, mais uma vez, revolucionando e transgredindo para transformar as bibliotecas em espaços de criação e transformação, sem perder sua essência: a promoção da leitura, da pesquisa e de leitores.