Em entrevista exclusiva aos jornalistas da Plataforma Pró-Livro, Luís Antonio Torelli, presidente do Instituto Pró-Livro, comenta as implicações do fim do Plano Nacional da Biblioteca Escolar (PNBE) e da defasagem dos acervos de escolas públicas, que estão desde 2014 sem receber novos livros literários do governo federal. Veja o que ele disse: O governo federal vai ficar ao menos quatro anos sem entregar novos livros de literatura para bibliotecas de escolas públicas brasileiras. Quais são as implicações da falta de atualização do acervo das escolas? A falta de atualização do acervo das escolas é uma situação muito ruim, porque desatualiza as bibliotecas para quem gosta de frequentar e gera desinteresse de quem já não frequenta. Em um país com tantos problemas sociais quanto o nosso, a redução do acesso ao livro e a falta de incentivo à leitura acentuam as desigualdades, afastando as pessoas das inúmeras possibilidades que a leitura propicia. Qual é a importância de se ter uma oferta ampla e variada de livros literários para os alunos dentro das instituições de ensino? De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro, 18% dos entrevistados afirmam que as bibliotecas escolares são a principal forma de acesso aos livros. A pesquisa mostrou ainda que esses espaços são largamente aprovados por seus frequentadores, mas 41% deles diz não encontrar nelas todos os livros que procura. A pesquisa mostra que nossas bibliotecas já estão defasadas. Precisamos de melhoria do acervo. Nossos professores precisam ter material para ler, escolher e indicar para os alunos usarem em sala de aula. Sem este material, o ensino ficará muito comprometido. O que o fim do PBNE representa para o Brasil que ainda tem tanto a avançar quando o assunto é a construção de uma nação de leitores? O fim do PBNE representa um retrocesso. Precisamos de amplo engajamento na luta para prover cultura, informação, escolaridade, proteção, saúde e alimentação para crianças e adolescentes. O livro tem missão importante nesse processo, pois supre parte expressiva do que o mundo necessita para o combate ao trabalho infantil: conhecimento! Afinal, quanto mais culta for a sociedade, menos espaços haverá para a prática de crimes, irregularidades e atentados à dignidade humana!