Luís Antonio Torelli fala sobre a trajetória do IPL e das prioridades de sua gestão no Instituto Pró- Livro O IPL tem fomentado a leitura desde 2007; como você avalia esse período? O IPL tem cumprido seus objetivos de fomento à leitura ao promover diferentes ações. Apesar de ser conhecido, especialmente, pela realização da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, o IPL marcou presença com outros projetos inovadores, que foram muito bem avaliados, como as instalações infantis nas Bienais de São Paulo e Rio de Janeiro; a Campanha Mãe Lê Pra Mim; Céu de Histórias; o Programa Mais Livro e Mais Leitura nos estados e municípios, em parceria com o MINC e MEC, entre outros. Percebemos que uma contribuição fundamental do Instituto é a valorização da leitura no imaginário da população. Essa representação positiva, acredito, acontece, em especial, pela frequência do assunto em mídia, fomentada e subsidiada pela pesquisa Retratos da Leitura. Não conseguimos mensurar essa contribuição, mas a 4.ª edição da pesquisa mostrou uma elevação significativa no percentual de respostas daqueles que percebem a leitura como atividade importante. É difícil “medir” as contribuições e os resultados das nossas ações, mas, acredito que a legitimidade conquistada pela Pesquisa Retratos da Leitura seja um bom termômetro da importância da nossa ação junto ao governo, orientando políticas públicas; ações da sociedade civil e outros estudos sobre o comportamento leitor do brasileiro. O IPL nasceu fazendo projetos, principalmente em Bienais do Livro e, depois passou a apoiar projetos de estimulo à leitura. Como avaliam essa mudança de rumo? Esperamos consolidar nossa atuação e legitimidade conquistadas. O primeiro principal projeto do instituto foi a pesquisa e foi este amplo diagnóstico que nos inspirou a propor ações voltadas a buscar caminhos e soluções para melhorarmos os indicadores de leitura dos brasileiros, revelados por esse estudo. Poderíamos ter proposto outros projetos de formação de leitores, por exemplo, mas, sabemos que muitas outras organizações desenvolvem ações exemplares, nossa opção foi a de dar visibilidade e valorizar essas ações que acontecem em todo o país. A Plataforma Pró-Livro e o Prêmio IPL – Retratos da Leitura foram criados pelo IPL com esses objetivos. E como a Plataforma e o Prêmio estão inseridos neste período de maturação dos objetivos do IPL? A plataforma tem ferramentas que possibilitam pesquisar para identificar a natureza e os beneficiários do projeto; a metodologia, os resultados; e onde ele tem se desenvolvido. Isso possibilita o intercâmbio de experiências. A plataforma conta com outras funções como a biblioteca, o fórum de debates, o relato de experiências e as notícias sobre os projetos. Nosso objetivo é, também, divulgar estudos, experiências, ideias sobre a promoção da leitura e seus desafios. Uma plataforma digital colaborativa tem como principal estratégia ser construída/alimentada pelos seus “colaboradores”. Atualmente, nosso principal desafio é conseguir adesão para mapear e difundir essas ações, possibilitando o intercâmbio dessas experiências. Nossa expectativa com o prêmio é apresentar projetos qualificados por especialistas e estimular investimentos sociais e incentivar a criação de outros projetos. Premiar é uma forma de reconhecer, homenagear e, também, estimular aqueles que desenvolvem essas ações a cadastrarem seus projetos na Plataforma Pró-Livro. Como surgiu a ideia de criar o prêmio Retratos da Leitura? Qual é a importância de um prêmio como o Retratos da Leitura para os organizadores de projetos de leitura? Muitas ações exitosas acontecem pelo País. É preciso dar visibilidade, fortalecer e valorizar quem acredita no poder transformador da leitura e em quem investe na promoção da leitura. Os desafios para transformarmos o Brasil em um País de leitores deve ser assumido por toda a sociedade. Valorizar quem se dedica a essa missão é fundamental para estimular outras ações e o investimento desses projetos. Acreditamos que ao premiar estamos dando visibilidade às organizações que promovem a leitura e valorizando aqueles projetos que são exitosos. Homenagear é reconhecer os esforços e a dedicação. O Prêmio está em sua segunda edição – o que o IPL aprendeu com a primeira e quais mudanças foram feitas a partir dos aprendizados para a edição de 2017? A primeira edição foi um sucesso, principalmente pela emoção que gerou, em especial, por que aconteceu em um momento difícil para o País, pela descontinuidade de investimentos em ações de fomento à leitura. Na primeira edição, como se tratava de um lançamento, os concorrentes foram indicados pelos especialistas convidados pelo IPL. Na edição de 2017, com o lançamento da Plataforma Pró-Livro será possível contar com a inscrição de projetos. O grande desafio é conseguir adesão e ampliar o número de projetos cadastrados na Plataforma. O Prêmio ainda é pouco conhecido, mas estamos buscando várias formas de divulgação. Nesta edição, estamos mantendo as mesmas categorias, mas vamos contar com um número maior de especialistas para a avaliação dos projetos, que, esperamos, sejam numerosos. Quais são as prioridades de sua gestão e como o prêmio se alinha a elas? Além do Prêmio e da Plataforma, pretendem fazer mais algum projeto durante sua gestão? Nossa prioridade continua orientada pela nossa missão de transformar esse País em um país de leitores. Acredito que os novos projetos: Prêmio e Plataforma logo nos trarão retornos muito positivos enquanto resultados. Se conseguirmos mapear mais de 50% dos projetos que são desenvolvidos pelo país nesse primeiro ano da Plataforma atingiremos nossa meta. Em breve vamos anunciar mais um importante projeto: uma pesquisa a ser realizada em bibliotecas escolares. Quando começam as apurações para a próxima pesquisa Retratos da Leitura no Brasil? A periodicidade da Pesquisa é de quatro anos. A 4.ª edição foi aplicada em campo, em 2015 e lançada em 2016. Portanto, a 5.ª edição deve iniciar em 2019. O principal objetivo da Retratos é conhecer o comportamento leitor do brasileiro e avaliar o impacto de políticas públicas. Uma periodicidade menor não possibilita identificar variações. A expectativa por pesquisas anuais, em geral da imprensa, que é ávida por novas informações, não se aplica a pesquisas de comportamento.