A BMA promove mensalmente uma roda de conversa sobre diversas obras de literatura, hoje é dia de Dostoiévski. O evento começa às 19 lá no terraço “Pouco depois de seu aclamado romance de estreia, ‘Gente pobre’ (1846), Dostoiévski publicava ‘O duplo’. Embora incompreendido pela crítica da época, devido à novidade do tema e ao experimentalismo formal propostos, o autor sempre teve plena convicção sobre sua importância, a ponto de escrever no Diário de um escritor, vinte anos mais tarde: ‘nunca dei uma contribuição mais séria para a literatura do que essa’. De fato, o drama do pequeno funcionário que, oprimido pelo contraste entre a imagem que faz de si mesmo e a realidade, passa a enxergar e conviver com seu próprio duplo que o persegue e ameaça levá-lo à loucura, era já o primeiro esboço do principal personagem-tipo dostoievskiano: o ‘homem do subsolo’, o indivíduo cindido internamente que se desdobraria no Raskólnikov de ‘Crime e castigo’, no Míchkin de ‘O idiota’, em Ivan Karamázov e em vários outros. Influenciada por Hoffmann e Gógol, esta história capaz de suscitar igualmente o riso e a dor ganha aqui sua primeira tradução direta do russo, que busca preservar todas as nuances do texto, e vem acompanhada de uma seleção das magníficas ilustrações do artista expressionista austríaco Alfred Kubin (1877-1959).” (Texto da quarta capa.)