A Era do Conhecimento elevou o trabalhador a um novo patamar de leitura e de trabalho
* Por Antonio Rios
O dia 1º de Maio marca o Dia Internacional doTrabalhador. A data começou a ganhar importância no final do século XIX, inicialmente nos Estados Unidos e depois na França. Mas, foi só em 1919 que o senado francês oficializou o 1º de Maio como o Dia do Trabalhador e, a data foi gerando tamanha relevância que passou a ser celebrada em todo o mundo.
Mas, ao longo do tempo o trabalhador mudou. Ele virou funcionário, colaborador. A era do trabalhador deu espaço para a era do conhecimento, a era da criatividade, da autonomia, da diversidade de ideias e, da sustentabilidade, onde prevalece a questão qualitativa e, a meritocracia é valorizada. Enquanto a informação era ferramenta de controle no passado, atualmente a comunicação e a democratização da informação são a bola da vez. Apesar de a era industrial não ter terminado para muitas empresas, boa parte tem colocado seu foco no indivíduo e em sua capacidade de fazer a diferença dentro da corporação.
Essa “revolução” caminhou de mãos dadas com a evolução da leitura, da educação. As empresas têm investido cada vez mais em seus empregados com cursos, financiamentos educacionais e promoções de acordo com as qualificações e especializações que possuem. Este retorno, por parte do empregador, tem elevado o número de leitores no Brasil, mostra a
pesquisa Retratos da Leitura no Brasil 3, promovida pelo Instituto Pró-Livro (IPL). Ela apontou que 23% dos leitores pesquisados afirmaram que leem por atualização profissional, e 9% por exigência do trabalho. Os números apontam que a relação trabalho x educação pode ser
benéfica para ambos os lados. A mesma pesquisa mostrou uma evolução entre os que disseram ler no local de trabalho – em 2007 foram 10% das pessoas, já em 2012 foram 13%.
A pesquisa do IPL também abordou o que as pessoas leem – os textos de trabalho foram indicados por 12% dos pesquisados, à frente de livros digitais, áudios-livro e livros técnicos, que ficaram atrás de histórias em quadrinhos, textos de internet, escolares, jornais, livros
e revistas.
Tem se tornado comum, de pequenas e médias empresas a grandes corporações, investirem em bibliotecas físicas ou digitais, focando seus colaboradores e até os familiares.
Outra iniciativa muito bem vinda é que o Governo Federal, através do Ministério da Cultura, criou o Vale- Cultura no valor de R$ 50,00 mensais, com o objetivo não só de ampliar o acesso ao livro, mas a diversos produtos culturais. A iniciativa do Ministério da Cultura vem de encontro com a necessidade de melhora de alguns índices apontados pela pesquisa Retratos da
Leitura no Brasil. Hoje, somente 50% dos brasileiros são considerados leitores, ou cerca de 88,2 milhões de pessoas.
Outro dado apontado revela que a representação sobre a importância da leitura é positiva, pois para a maioria dos participantes, 64%, —145—ler bastante pode fazer uma pessoa vencer na vida e melhorar sua condição socioeconômica—146—. Apesar de os indicadores apresentarem uma redução no número de leitores, se aprofundarmos a análise dos resultados é possível perceber indicadores que mostram uma melhor qualidade nessa leitura, com um crescimento no número
de pessoas que afirmaram ler mais hoje do que em relação à última pesquisa. De fato, a Retratos da Leitura no Brasil revela que aproximadamente 49% das pessoas dizem que leem mais hoje do que em 2007, quando esse número era de 40%. Com o vale-cultura e com outras iniciativas das empresas este índice pode melhorar ainda mais.
Portanto, celebrar o Dia do Trabalhador é também celebrar a evolução da leitura, não apenas no Brasil como em todo o mundo.
*Antonio Rios é presidente do Instituto Pró-Livro – www.prolivro.org.br